Obsolescência programada


Assisti a um documentário da RTVE produzido pela Arte France, Televisión Española e Televisión Catalunya que realmente me surpreendeu. Comprar, tirar, comprar é um vídeo de 50 minutos que mostra como a indústria constrói produtos para durar pouco, a obsolescência programada. O filme começa com uma lâmpada que virou atração turística em uma corporação dos bombeiros nos Estados Unidos. A lâmpada está, nada menos, que 100 anos em funcionamento, sem falhar um dia sequer.

A reportagem vai atrás de respostas e descobre que os fabricantes de lâmpadas do mundo inteiro criaram  um cartel nomeado de Phoebus em 1932, para controlar a fabricação em todo o mundo e penalizar empresas que construíssem lâmpadas que tivessem boa durabilidade. Engenheiros, então, começaram a trabalhar para reduzir a durabilidade das lâmpadas. Começava aí a obsolescência programada. O cartel segue até os dias atuais, ou seja, o componente não pode durar mais que mil horas, sob pena de multa.

Outro trecho interessante do documentário mostra uma impressora estragada e seu dono em busca de assistência técnica para o produto. Os técnicos são unânimes em dizer que o melhor é comprar uma impressora nova. Inconformado, o curioso Marcos ignora o conselho dos técnicos e começa a buscar resposta para o que aconteceu com o aparelho.

Ele encontra um site na internet The Dirty Little Secret of Inkjet Printers e pede ajuda. O técnico, responsável pelo vídeo, conta que uma esponja, que fica acondicionada abaixo dos carretéis de tinta vai, à medida que o tempo passa, encharcando, até que, em um belo dia, impede que a impressora funcione corretamente. Para solucionar o problema, basta limpar a impressora. Os fabricantes alegam que a esponja é importante para não sujar a mesa do escritório. Só esqueceram de dizer que, com trocas regulares, a impressora para de apresentar defeito.

Mas a história secreta das impressoras de tinta não termina aí. Marcos descobre que nas placas de circuito das impressoras existe um contador de impressão. Esse pequeno segredinho faz com que, por exemplo, após 18 mil impressões, ela simplesmente pare de funcionar. O aparelho “morre” literalmente. Marcos, insistente, descobre um software que zera o cruel contador de impressões.

Por fim , o documentário mostra o lixo eletrônico que chega a Ghana por navio. As empresas, para disfarçar e depositar toneladas de entulho nos países pobres, alegam que são produtos de segunda mão. Na verdade, investigação de uma ONG denuncia a falcatrua. Os computadores e impressoras chegam ao país totalmente inutilizáveis e vão diretamente para o lixão. São sucatas que não servem para nada. Crianças tentam extrair metais e cobre dos aparelhos.

O documentário é um alerta e um chamamento para uma mudança na nossa relação de consumo. A velha história que cansamos de ver, mas está muito longe de nós.

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