A economia do conhecimento


Outro dia desses estava parado no sinal de trânsito e me deparei com a imagem (abaixo) de um carro plotado “curso de gesseiro com Gilmar Bastos – instrutor e autor de vários vídeos no YouTube”. A história desse trabalhador que levou os estudos até o quarto ano do ensino fundamental é de impressionar. Gilmar tem 55 anos e há 22 trabalha com gesso. A falta de mão de obra no país serviu de estímulo para tentar ajudar pessoas com as vídeo-aulas. Hoje já são 700 mil acessos no YouTube, uma média de 40 mil/mês.

Carro plotado chama atenção nas ruas
Plotter chama a atenção para os vídeos no YouTube

Em janeiro do próximo ano o empreendedor vai abrir a Escola do Gesso com aulas presenciais e à distância. Ele se assusta com a procura de internautas de outros estados. Dos interessados no curso, 70% são de São Paulo “se não tem mão de obra na maior cidade do país é porque a coisa tá feia mesmo”, completa Gilmar. Ele tem um mailing de 5 mil interessados em fazer o  curso de gesso à distância. 

O primeiro vídeo no YouTube é também o mais acessado “Preparação de gesso cola” – tem até vinheta. Ele foi postado em 2012 e, segundo Gilmar, tudo começou de forma muito amadora. As coisas foram sendo aprimoradas gradativamente.

Gilmar é apenas um entre milhares de brasileiros que encontraram na internet um caminho fértil para expandir negócios e gerar a nova economia do século XXI. O ensino tem sofrido uma mudança de alto impacto em todo o mundo e aqui não poderia ser diferente. O fluxo de conhecimento e a capacidade de autoaprendizagem têm refletido diretamente nas escolas e universidades. Casos como o de Gilmar que, com apenas a quarta série consegue atrair audiência e fomentar seu negócio, são a prova concreta da inteligência e da força inventiva do povo brasileiro. A dinâmica é criar vídeos com dicas que levam a outros vídeos, que se espalham pelo país, que agregam credibilidade ao profissional, que geram negócios e lucratividade.

Tudo parecia realmente incrível até que o gesseiro nos conta sobre os anúncios do Google AdSense vinculados aos seus vídeos. Os 641 dólares de receita nunca chegaram efetivamente ao seu bolso. O Google provou que o dinheiro foi enviado, Gilmar tem o comprovante em suas mãos, mas a funcionária da Caixa Econômica Federal, na qual o crédito deveria ser depositado, não tem nenhum conhecimento sobre esse tal de AdSense. Enquanto os bancos aprendem sobre a nova economia, gente como o gesseiro Gilmar segue sua vida entre cursos, trabalho e crescimento profissional.

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